quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Direitos? Será que temos?




Nós que vivemos em uma cidade com fortes tendências coletivistas nem nos damos conta, mas falamos muitas vezes a palavra “direito”, como se isso não tivesse uma consequência prática. Na verdade, há sim, e consequências muito fortes a serem pagas por toda a nossa sociedade. Duas delas são muito importantes: a primeira é que, atrás do direito de alguém, há sempre um custo (ou um dever) a ser pago por outra pessoa; a segunda segue a máxima que diz que quem tantos direitos tem, acaba sem ter nenhum. 

Quem de nós não ouve ou até fala costumeiramente em direito à saúde, à educação, à segurança, direitos do idoso, da criança e do adolescente, do consumidor, dos trabalhadores, direito de ir e vir e, até mesmo, direito dos animais? A função desse artigo não é a de criticar cada um desses “direitos” – não entrarei nesse mérito. A questão, na qual pouco se fala, é que todos esses “direitos” têm um custo: para tentar entregá-los, temos obrigatoriamente que violar um outro direito, que é o direito à propriedade. Como isso? Por meio dos impostos e “contribuições” (entre aspas porque de contribuições não têm nada – são compulsórias) que cada um de nós paga e que hoje beiram os 40% da riqueza produzida no nosso país.

Além desse custo altíssimo (isto até ouvimos bastante – custo de Suécia, serviço de África), há uma outra questão: quem quer fazer tudo, acaba não fazendo nada. Antes de elegermos quais os Direitos prioritários que nossa sociedade quer para seus cidadãos (sugestão: saúde, educação e segurança) e conseguirmos efetivamente entregar esses direitos a todos, deveríamos proibir de se falar em outros. Não podemos, antes de entregar o básico, querer algo mais. Não podemos querer colocar telhado antes das paredes, sob o risco de mantermos a atual situação. 

Temos mesmo direito à saúde? Temos mesmo direito à educação? E à segurança, então? Claro que não, pois diariamente vemos resultados péssimos na educação, casos e casos de pessoas com problemas de atendimento à saúde; na segurança, já passamos dos limites. Quem pode, acaba pagando novamente por todos esses serviços de forma privada. Se pensarmos que os 40% do PIB arrecadados pelo governo deveriam ser suficientes para esses serviços, ocorre que aqueles que podem pagam ainda mais impostos para, finalmente, poderem ter atendidos os seus “direitos”.

Portanto, em momento de eleição, não acredite quando alguém prometer que dará algo à sociedade ou que defenderá algum “direito” seu, pois essa promessa é feita há muitos anos sem resultados práticos. Vamos sim tentar construir uma sociedade de muitas responsabilidades e poucos “direitos”. Atenção população Itacareence, não vamos piorar ainda mais a situação de nossa cidade. Afinal, como a nossa história nos mostra, quem tem muitos direitos acaba com poucos
direitos.